dia 4 - caso bernardo

Gabriela Perufo

Depois de a fase de interrogatório dos réus terminar, e o debate entre acusação e defesa começar ao longo de quinta-feira, o Caso Bernardo pode ter um desfecho nesta sexta-feira. Pela manhã, na retomada dos trabalhos que chegam ao último dia, o Ministério Público começa a réplica, que pode durar até duas horas. Um dos três promotores do caso, Ederson Vieira, adiantou, em sua fala na noite de quinta, que terá réplica porque o MP tem mais provas a mostrar aos jurados. 

Depois, as defesas dos réus terão tempo de 2 horas para dividir entre os quatro, meia hora para cada um, para a tréplica e o debate chega ao fim. É a partir deste momento que os jurados se reúnem, a portas fechadas, e respondem questionário que leva a decisão se os quatro réus - Leandro Boldrini, Graciele Uguline, Edelvânia Wirganovicz e Evandro Wirganovicz são inocentes ou culpados sobre morte e ocultação de cadáver de Bernardo Boldrini. 

O júri, transmitido ao vivo, é o primeiro integralmente televisionado no Estado e também é o maior em termos de duração, cinco dias. Ontem, três réus - Graciele, Edelvânia e Evandro - foram interrogados. Depois acusação e defesa iniciaram o debate. Na quinta-feira, a sessão de júri durou cerca de 15 horas. 




Quando o julgamento do Bernardo chegou ao quarto dia, começou com um dos depoimentos mais esperados do caso: foi a vez de Graciele Uguline, madrasta de Bernardo, falar. Até então, ela só havia falado uma vez, quando o caso ainda estava em investigação policial, em abril de 2014. Depois, foi a vez de Edelvânia Wirganovicz ser ouvida. O depoimento de Edelvânia foi interrompido quando ela passou mal, caiu ao chão e precisou de atendimento médico. Por fim, Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia, foi ouvido. Ainda nesta quinta-feira o Ministério Público e os advogados de defesa começaram a fase dos debates, última etapa antes da decisão dos jurados. Nesta sexta-feira, quando o Tribunal do Júri completa cinco dias de trabalho, deve ser encerrado o debate entre defesa e acusação. Também nesta sexta-feira, os jurados devem tomar sua decisão sobre os réus, se são culpados ou inocentes, e então o julgamento deve chegar ao fim.  

Ainda nesta quinta-feira, os três promotores de acusação, Bruno Bonamente, Ederson Vieira e Silvia Jappe, começaram sua argumentação aos jurados. Com quatro horas dele fala, eles contestaram vários pontos das falas dos réus. Em determinado momento, fotos do corpo de Bernardo foram mostrados aos jurados, alguns saíram da sala. Nesse momento, pessoas que integram a plateia começam a chorar. 

NA VERSÃO DA MADRASTA, MORTE FOI ACIDENTE 
Graciele Ugulini, madrasta de Bernardo, chorou e soluçou do começo ao fim do seu depoimento. A enfermeira acusada de planejar e matar o menino, admitiu a morte, mas disse que nunca planejou nada, que foi "um acidente". Ela também inocentou o médico Leandro Boldrini, pai de Bernardo, reiterando a primeira vez que ela falou a respeito disso, em abril de 2014. Ela disse, ainda, que espera pelo perdão do ex-marido. 

Na versão de Graciele, ela e Bernardo tinham uma relação boa até o nascimento de sua filha, Maria Valentina, irmã de Bernardo. 

EDELVÂNIA NEGA QUE RECEBEU DINHEIRO DE GRACIELE 
A terceira ré a ser ouvida no processo é Edelvânia Wirganovicz, acusa por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Ela começou a ser interrogada no final da manhã. Edelvânia respondeu às questões feitas pela juíza Sucilene Engler e diz que não ajudou a dar medicamento - causa da morte de Bernardo - apenas ajudou a esconder o corpo. Ela ainda disse que quis levar Bernardo ao hospital e depois falou em ir para a delegacia, mas que Graciele fez ameaças. Ela confirma que Graciele chegou a oferecer dinheiro, mas negou que tenha recebido qualquer valor. Segundo ela, dinheiro seria dado se ela não contasse para Polícia Civil onde Bernardo estava enterrado. Bernardo foi encontrado dez dias após seu desaparecimento, dia 14 de abril de 2014, após Edelvânia informar para investigação onde era a cova. 

Quando chegou a vez do Ministério Público faz as perguntas, um vídeo seria exibido no telão. A gravação é do depoimento em que Edelvânia fez para Polícia Civil e depois a defesa pediu que fosse anulado. Antes de ser dado play no vídeo, Edelvânia cai da cadeira, aos prantos, e a sessão é interrompida para que ela recebesse, no Fórum, atendimento médico. A sessão foi suspensa e quando retomada, a defesa informou que ela não responderia as questões do MP. 

EVANDRO É QUESTIONADO SOBRE VERSÕES CONFLITANTES 
Assim como Edelvânia, a defesa de Evandro Wirganovicz diz que o réu não responderá perguntas do MP, ao ser interrogado, esboça uma reação diferente de todos os outros dias pela primeira vez. Quando questionado, por um dos advogados, sobre os filhos, ele começa a chorar. O interrogatório dele, que diz ser inocente e que ficou sabendo do que a irmã fez pela imprensa, foi o mais curto e levou pouco mais de 15 minutos. 

O QUE SUSTENTA O MP
Em quatro horas de fala, os três promotores pediram a condenação dos quatro réus pelos crimes que são denunciados. Eles começaram a apresentar provas e argumentos contrariando versões relatadas pelos quatro em suas defesas. No começo da fala, os promotores afirmaram que os réus tentaram desconstruir o caráter de Bernardo e fazer a imagem dele como uma criança esquizofrênica. Os promotores defenderam que Leandro e Graciele começaram a planejar a morte de Bernardo depois que o menino procurou o juiz para relatar "indiferença" da família.

Promotores exibiram o vídeo de depoimento de Edelvânia, o mesmo que seria exibido antes de ela passar mal, e rebatem fala dela sobre ser coagida pela Polícia Civil de falar o que mandaram. Em um momento, os promotores exibiram aos jurados as fotos do corpo de Bernardo morto. Boldrini deixou o salão neste momento, assim como alguns jurados. Algumas pessoas da plateia se comoveram e choraram ao ver as imagens. Para acusação, Boldrini, Graciele e Edelvânia são psicopatas, exceto Evandro, que teria cometido o crime por dinheiro. 

AS DEFESAS 
As quatro horas de fala de defesa foram divididas, sendo uma hora para o defensor de cada réu. Veja o que argumentaram:

Defesa de Leandro Boldrini
Quem falou foi Ezequiel Vetoretti, um dos advogados do pai do Bernardo. Ele citou a morte de Odilaine Uglione, mãe de Bernardo, que se matou e disse que desde então construíram uma imagem de monstro sobre Boldrini. O advogado rebateu às questões do Ministério Público, sobre ele ter planejado o crime, e insistiu que Leandro não sabia de nada e atribuiu a autoria do crime à Graciele e Edelvânia. Citado obra de Shakespeare, Vetoretti afirmou que o processo é cheio de "erros de Otello". 

Defesa de Graciele Uguline
Segundo defensor a falar, Vanderlei Pompeo de Matos disse que Graciele é ré confessa, que admitiu seus atos, mas que a forma como Bernardo morreu é que está distorcida. Na versão da defesa, Bernardo teria ingerido midezolam (medicamento sedativo) acidentalmente. 

A reportagem do Diário acompanha, desde o começo, os dias de julgamento. Veja como foi a cobertura ao vivo do quarto dia de júri: 



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